Friday 18 June 2010

O som da água quente sendo colocada na panela com arroz, para cozinhá-lo, me lembra minha casa, minha mãe, meu anos sob o teto dos meus pais.

Hoje eu fui me dar conta disso porque fui cozinhar a carne como meu marido me ensinou: cortar a carne em cubinhos, temperar com sal e pimenta, um pouco de óleo, deixar fritar, e então quando estiver douradinho, adicionar metade do pote do molho tikka massala... E de quebra fiz um arroz branco pra acompanhar, mais uma salada.

Quando coloquei a água no arroz e ouvi o som da água chiando por bater no arroz quente, fui levada instantaneamente em pensamentos à cozinha da minha casa, da casa dos meus pais, onde tantas vezes ouvi o mesmo chiado... Minha mãezinha preparando a comida pra nós! E na casa de brasileiro que se preze, feijão e arroz é um prato sagrado e diário. Então esse chiado ´foi e é música para os meus ouvidos...

E hoje, eu que também sou mãe, vejo e entendo os sacrifícios e agonias que uma mãe passa por um filho... Meu querido filhinho não quis jantar na casa da babá, ainda com a barriga cheia do lanche. Quando chegou em casa, foi que eu comecei a preparar a comida, e quando ficou pronta, fui dar banho nele pra poder jantar limpinho. E os gritos do menino eram de dar dó: a fome então tinha apertado nele, e quem disse que ele queria saber de banho que nada! Ah, os filhos... choram muitas vezes à toa. E isso vale pra depois que crescem também. Há coisas na vida com as que não se pode lutar, então tem que se ter paciência, e deixar tudo acontecer como deve, e o banho no fim do dia e antes de jantar é sagrado.

Meu filhinho, meu filhinho, quando você vai aprender sobre essa regra da vida: há coisas que não temos como mudar. Enquanto você está pequenino e sob o meu comando, assim tem que ser. Dói muito em mim ver você chorando, mas chorar à toa? Bem, nada que o tempo não faça você aprender.

Muitas das vezes somos como cópias dos nossos pais? Sem dúvida. Como minha mãe fez por mim, como uma mãe faz por um filho, eu preparo o alimento do corpo ao meu filho, e tento com meu amor ajudar no processo do alimento da sua alma, que é muito mais complexo do que o ato físico correspondente.

Alimentos da alma são: um abraço, um sorriso, um gesto de carinho e afeição, respeito, consideração, amizade, e por aí vai. Não serei a única geradora de alimentos para a alma de meu filho; ele por todo lugar que passa recebe esse alimento das pessoas ao seu redor, e até mesmo se auto-alimenta, dependendo das experiências e aprendizado pelos quais passa diariamente.

Mãe querida! Obrigada por ser a primeira a me fornecer tanto alimentos para o corpo quanto para a alma. Eu sei quanto trabalho duro lhe custou para poder não me deixar faltar tais necessidades físicas. Com seu arroz e seu feijão diário, preparados com carinho e amor, me deste tudo que sou hoje, e posso perpetuar isso hoje com meu filho...

Obrigada por tudo, mãe!!

PS: Pausa sobre o molho tikka massala. Impossível descrever, porque é um molho indiano e eu mesmo não sei todos os ingredientes. Só sei que um indiano, como o Ritesh, teria ficado escandalizado comigo: usar tikka massala em carne bovina. Eles, que não consomem carne bovina, então não iriam provar a delícia de carne que preparei hoje. E graças às dicas mágicas de meu querido mestre-cuca: meu marido!

1 comment:

  1. E olha que o Rafa arrebenta mesmo, o cara é bom na cozinha :)

    Amiga seu texto é lindo, sua palavras cairam tão bem na minha alma, obrigada :)
    Bjokas

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