Tuesday 19 August 2003

Os soldados não resistiam

Em 1914 estoura a Primeira Guerra Mundial, determinando o fim da expansão das indústrias chocolateiras. São feitas restrições às exportações do produto. Tabletes de chocolate passam a fazer parte da ração de emergência dos soldados americanos em serviço, mas a experiência não dá muito resultado.

Para cumprir o papel de ração de emergência, o chocolate era demasiado irresistível para ser guardado sem ser comido. Afinal, ele fora aprimorado para se tornar o mais saboroso possível. Os soldados raramente guardavam seus tabletes para uma crise futura. Eles os devoravam rapidamente ao menor sinal de fome.

Mas, em 1934, o capitão Paul P. Logan inventa uma fórmula de ração à base de chocolate, muito energética e, o mais importante: pouco atrativa ao paladar. Era uma mistura de chocolate, açúcar, leite em pó desnatado, manteiga de cacau, vanilina, aveia e vitamina B1. Em 1938, ela é batizada de "Ração D". No ano seguinte eclode a Segunda Guerra Mundial.

A Companhia Hershey, importante fabricante nos EUA, recebe uma tarefa especial no exército americano: desenvolver uma nova ração de chocolate que sustentasse os soldados no caso de falta total de alimentos, e que pudesse ser carregada em seus bolsos, sem derreter.

De fato, a indústria Hershey alcança o intento: produz um tablete resistente, que além de chocolate possuía outros ingredientes nutritivos, possibilitando uma dieta substanciosa de cerca de 600 calorias, tornando-se a nova "Ração D".

Enquanto durou a guerra, a Hershey produziu meio milhão de tabletes por dia. A companhia, do industrial Milton Hershey, chegou a receber o prêmio "Army Navy E" por suas contribuições civis com a "Ração D" durante a Segunda Guerra.

O chocolate circulava por todas as partes: nas frentes de batalha e dentro dos lares. Talvez ele não fosse mais considerado como um alimento universal e afrodisíaco, como na época dos astecas, mas era recomendado como um fortificante incomparável na reposição de energia. Em 1945, finda a guerra e com ela as barreiras ao desenvolvimento das indústrias chocolateiras. Os fabricantes, libertos dos racionamentos impostos pela guerra e das restrições feitas às exportações, aumentam suas produções. Em breve, o chocolate se tornaria um dos produtos mais populares em todo o mundo.

[continua]

No comments:

Post a Comment