Sunday 19 August 2012


Eu visitando o Museu da Loucura... Barbacena - Minas Gerais, agosto de 2012

É um lugar muito lindo, rodeado de morros verdes, ar puro, com lindas árvores. Antigamente toda a área era chamada Fazenda da Caveira, de propriedade de Joaquim Silvério dos Reis, o delator da Inconfidência Mineira! No museu há diversas salas mostrando um pouco sobre o tratamento psiquiátrico da época e o movimento que luta contra a exclusão social dos pacientes.


O Museu da Loucura, inaugurado em agosto de 1996, é parte integrante de um plano de resgate da memória histórica de Barbacena- MG, através do projeto Memória Viva desenvolvido pela Fundação Municipal de Cultura de Barbacena – FUNDAC e financiado com recursos da Prefeitura Municipal de Barbacena, vem sendo capaz de proporcionar um exercicio ao olhar do visitante e relacionar alguns aspectos comuns tanto aos museus quanto à luta antimanicomial e, sendo o museu o principal guardião da memória social no mundo contemporâneo, constitui-se entao em um espaço privilegiado para refletir sobre o passado, o presente e o futuro. É importante que numa visita a um museu, o visitante fique atento para perceber o que é comemorado, lembrado, mas também o que é silenciado, esquecido.
“Essa relação complexa entre memória e esquecimento é algo que está presente em todos os museus. Numa visita ao museu, o visitante pode e deve sair com dúvidas que ele não tinha.”
A dimensão social da loucura, trazida à tona pelo Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, no Brasil desde 1987, reunindo profissionais de diversas áreas interessados em pesquisar e tratar transtornos de sáude mental, como uma crítica ao modelo assistencial centrado no hospital psquiátrico e trouxeram à tona as questões relativas à exclusão da loucura em nossa sociedade.Tal dimensão social é que permite sua aproximação com os museus, pois, ambos buscam ressaltar a importância de uma consciência social onde a troca de experiências e a valorização das diferenças são ressaltadas como aspectos fundamentais para a constituição das identidades, sejam elas coletivas ou individuais.
“Neste sentido, o Museu da Loucura cumpre uma função social que merece ser destacada, pois, reaviva um capítulo da história da psiquiatria brasileira que esbarra na dimensão desumana, algo que o conhecimento especializado pode traduzir quando não orientado por uma prática de inclusão social e de construção da cidadania.’’
O seu espaço físico conta com cinco salas, as quais, o visitante poderá observar objetos, documentos, fotografias, sons e imagens percorrendo uma trajetória difícil, dolorosa, sem atalhos onde poderá compreender melhor os caminhos e os descaminhos do tratamento psquiátrico estabelecido em Minas Gerais desde 1900 quando foi criada, pelo Governo Francisco Sales, a Assistência aos Alienados em nosso Estado.
“Mas quem sabe não saiam, também, felizes ao perceberem que aquele passado tão doloroso será sempre lembrado como parte de uma estratégia, um esforço para que nunca mais se repita”
O presente artigo traz à tona a relação existente entre uma parte da história do Município de Barbacena – MG, a instalação do antigo Hospital psquiátrico, esta que se encontrava indissociavelmente atrelada a uma concepção excludente da loucura, e a instalaçao do Museu da Loucura em 1996, o qual tem como funçao social manter a viva a memória daqueles que foram em outrora excluidos e esquecidos.
É a partir de idéias como a do Movimento Nacional Da Luta Antimanicomial que o Museu mantem suas bases ideologicas, trazendo ao publico uma possibilidade de entrar em contato com o mundo da dor que existiu dentro da instituiçao psiquiatrica, tornando-o menos excluso e mais vivo, possibilitando disseminar duvidas a cerca da realidade dos hospitais psiquiatricos, seus pacientes, formas de tratamento e exclusao social.


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