Thursday 19 March 2009

Minha mãe está passando um tempo comigo aqui em São Paulo. Meu namorado... ops.. noivo...

[é, finalmente demos entrada nos papéis do nosso casamento, que acontecerá dia 25 de abril! Engraçado isso... já moramos juntos há dois anos, já temos um filho, já pensávamos em nos casar desde o início do namoro, mas ainda na minha cabeça éramos namorados... porque namorar é tão bom que não dei um upgrade nesse assunto]

... viajou para Belém, sua cidade, para resolver algumas coisas nossas por lá... Então minha mãe está comigo para fazer-me companhia, e ao meu filho.

A questão é que há muuuito tempo que eu não convivo com minha mãe. Pra ser mais precisa, desde 2004. No tempo em que fiquei fora, visitei o Brasil algumas vezes, mas conviver 24h não, porque eu normalmente saía pra ver meus amigos o dia todo e vira e mexe dormia na casa deles, e quando via, já estava na hora de viajar de novo, então aquela convivência mesmo de todo dia faz tempo que não tenho.

O engraçado disso tudo é: minha mãe continua do mesmo jeito, com as mesmas manias e costumes, e pensa que eu continuo a mesma de antes, com os mesmos hábitos de antes. Só pensa! Eu mudei tanto, mas tanto, que agora que estou em contato mais profundo com ela é que percebo o quanto.

Eu vi várias vezes as nuvens pelo lado de cima, vi cidades e montanhas cobertas de neve, vivi dias de frio intenso, dancei muita salsa pelas madrugadas afora, estudei duas línguas a fundo, fiz amizade com pessoas dos quatro cantos do mundo, numa época tive três empregos de uma vez só, li uma pá de livros, provei a comida espanhola em solo espanhol, beijei muitas bocas diferentes, chorei lágrimas amargas por ter meu coração partido, vi um teatro de pedra e como único cenário, o mar azul, conheci e provei várias culturas diferentes, sorri, gargalhei, me descobri grávida, me tornei mãe!! ...

E minha mãe pensava que eu ainda comia a mesma quantidade de feijão que antes! ... Eu nem consigo mais comer feijão todo dia! E gosto mais hoje de café instantâneo!

Não há como negar: meus gostos se modificaram profundamente. Minha mãe, porém, não viu, não presenciou essa mudança gradual em mim, não pôde acompanhar cada passo que trilhei. Ela mesma continuou na mesma casa, com os mesmos hábitos, com os mesmos familiares, com as mesmas novelas, na mesma máquina de costura, do mesmo jeito...

Minha mãe fará 68 anos, e também já não se adapta mais às mudanças em sua vida. Aqui em minha casa, tento mostrar à ela que agora faço as coisas diferentes, que sim, eu já lavo as panelas e esfrego o chão do banheiro, e sim, sei limpar a bundinha de cocô do meu filho [ela não consegue me ver como "mãe" ainda, não consegue acreditar!] , e não, não consigo mais ler o dia inteiro sem fazer mais nada.

Mãezinha: sou eu mesma, sua filha Josiane, aqui na sua frente. Só que eu mudei bastante, sim, mas pra melhor!

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