Thursday 24 June 2004

Eu nunca fui fã aficcionada de História como matéria do colégio. Aliás, ficava sempre entre uma das últimas entre minhas favoritas.

Apesar disso, sempre amei ler livros de História... que tivessem figuras. Os que só tinham texto me davam sono rapidamente. Eu folheava avidamente o livro em busca de figuras, e me perdia no tempo contemplando-as, fosse um vaso da Grécia antiga ou um afresco do Renascimento.

'Que incongruência!', vocês podem pensar. Simples: eu sempre amei História, porém a viva, pulsante, retratada através de objetos que realmente fizeram parte daquele específico momento... A História ensinada a mim era muito maçante para que eu desse a devida atenção, com toda aquela 'decoreba' de fatos e datas.

Lembro que uma vez tivemos que fizer uma pesquisa sobre a I e II Guerra Mundiais, na 7a. série. Escrevemos tudinho, do começo ao fim, sobre as duas. Se me perguntassem até há pouco tempo alguma coisa sobre elas eu não saberia responder. Nada ficou gravado em mim sobre essas duas guerras. Isso porque o trabalho foi mecânico, só pra ganhar nota, sem nenhum apelo íntimo em mim...

Eu li, pela primeira vez, 'O Diário de Anne Frank' há muitos anos atrás. Aquele livro me marcou profundamente como menina, que não entendia o que 'guerra' significava, só literalmente.

Muitos anos se passaram, e eu fui a resgatá-lo na casa da minha amiga Lu. Novamente, tudo aquilo que tinha sentido sobreveio, e a vontade de saber mais me instigou.

Viajei, vim para Londres, e comprei o livro 'The Diary of a Young Girl' agora para minha reflexão pessoal.

Dentro da biblioteca de Peckham, bairro onde moramos, me deparo com duas biografias sobre Anne Frank, uma escrito por uma autora alemã, e outra por uma inglesa. A escritora alemã nos oferece muito mais insights sobre a história política por detrás, e a inglesa é mais passional. Mas as duas se complementam, e meu desejo de saber mais sobre esta época de reviravolta mundial me levou a visitar o Imperial War Museum, situado a não mais que 25 minutos de onde vivo.

Já o tinha visitado em minha primeira vinda a Londres, porém havia ido com meu namorado e minha mãe, que não são boas companhias pra se visitar museus, isso porque: meu namorado só vê tudo superficial e rapidamente, eu me atenho aos detalhes e gosto de ler e admirar tudo muito profundamente; já minha mãe não sabe inglês e se aborrece facilmente num museu, pois não entende e se sente deslocada. Portanto, minha primeira descoberta do museu não foi das melhores, para mim.

Penso que a melhor maneira de se visitar um museu, pelo menos para mim, é sozinha, já que ainda não descobri companhia com as mesmas aspirações que a minha, quando dentro destes maravilhosos prédios chamados museus.

Sábado e terça foram meus dias de ir ao Imperial War Museum, desta vez sozinha e muito feliz. Fui direto a The Holocaust Exhibition, tentar entender o que aconteceu nesta época, para que a vida de milhões de pessoas, como Anne Frank, fossem ceifadas.

Minha expedição nesta parte do museu ainda não terminou; preciso de mais um dia para percorrer aqueles corredores e muitos outros para coordenar meus pensamentos. Mas o que vi até agora me leva a pensar que muitos sofrimentos passados pela humanidade não teriam ocorrido, se o homem, ou seja, a humanidade como um todo, respeitasse e compreendesse que, sim, somos todos diferentes, mas que essas diferenças nos tornam únicos e dignos de apreciação, ao invés de nos rebaixar.

Pensemos sobre isso, eu e você.

"Despite everything, I still believe in the inner goodness of man." - Anne Frank

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